sábado, 31 de maio de 2014

Cartilha sobre drogas


Cartilha sobre drogas 

1      Definições


Drogas são substâncias que produzem mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional das pessoas. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as características da pessoa que as usa, da droga escolhida, da quantidade, freqüência, expectativas e circunstâncias em que é consumida. Essa definição inclui os produtos ilegais, que chamamos de drogas (cocaína, maconha, ecstasy, heroína), mas também produtos como bebidas alcoólicas, cigarros e vários remédios.
As drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando modificações no estado mental são chamadas drogas psicotrópicas. O termo psicotrópicas é formado por duas palavras: psico e trópico. Psico está relacionado ao psiquismo, que envolve as funções do sistema nervoso central (relacionados aos sentidos comoaudição, visão, olfato, paladar e tato e é dele que partem ordens destinadas aos músculos e glândulas); e trópico significa em direção a.
Drogas psicotrópicas, portanto, são aquelas que atuam sobre o cérebro, alterando de alguma forma o psiquismo. Por essa razão, são também conhecidas como substâncias psicoativas. As drogas psicotrópias dividem-se em três grupos: depressoras, estimulantes e perturbadoras

As drogas depressoras do sistema nervoso central fazem com que o cérebro funcione lentamente, reduzindo a atividade motora, a ansiedade, a atenção, a concentração, a capacidade de memorização e a capacidade intelectual. 

As estimulantes do sistema nervoso central, por outro lado, aceleram a atividade de determinados sistemas neuronais, trazendo como conseqüências um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos. 

Por fim, as drogas perturbadoras do sistema nervoso central produzem uma série de distorções qualitativas no funcionamento do cérebro, como delírios, alucinações e alteração na senso-percepção. Por essa razão, são também chamadas de alucinógenos. Uma terceira denominação para esse tipo de droga é psicotomiméticos, devido ao fato de serem conhecidas como psicoses as doenças mentais nas quais esses fenômenos ocorrem de modo espontâneo.

É importante ressaltar que nem todas as substâncias psicoativas têm a capacidade de provocar dependência. Muitas são usadas com a finalidade de produzir efeitos benéficos, como o tratamento de doenças, sendo consideradas, assim, medicamentos.





                                                      

                     

2      Padrões de Uso


A auto-administração de qualquer quantidade de substância psicoativa pode ser definida em diferentes padrões de uso de acordo com suas possíveis conseqüências. Atualmente os especialistas utilizam duas formas diferentes de categorizar e definir esses padrões. São elas:
CID-10 (10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS) e o DSM-IV (4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana).
Esses padrões acima, bem definidos por Bertolote (1997), são aceitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e muito difundidos no linguajar de quem lida com o assunto, apesar de não possuírem correspondência nos padrões classificadores de transtornos e doenças.
Este tipo de padronização não se constitui a partir de um transtorno ou doença, e está baseada na forma de uso e na relação que o indivíduo estabelece com a substância e suas conseqüências negativas.

 Uso Experimental
Os primeiros poucos episódios de uso de uma droga específica – algumas vezes incluindo tabaco ou álcool -, extremamente infreqüentes ou não persistentes.

 Uso Recreativo
Uso de uma droga, em geral ilícita, em circunstâncias sociais ou relaxantes, sem implicações com dependência e outros problemas relacionados, embora haja os que discordem, opinando que, no caso de droga ilícita, não seja possível este padrão devido às implicações legais relacionadas.
 


 Uso Controlado
Refere-se à manutenção de um uso regular, não compulsivo e que não interfere com o funcionamento habitual do indivíduo. Termo também controverso, pois se questiona se determinadas substâncias permitem tal padrão.

 Uso Social
Pode ser entendido, de forma literal, como uso em companhia de outras pessoas e de maneira socialmente aceitável, mas também é usado de forma imprecisa querendo indicar os padrões acima definidos.

Uso nocivo/abuso e Dependência
Esses padrões de uso estão representados nos sistemas classificatórios CID-10 (10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS) e o DSM-IV (4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana). Este tipo de padronização está rel
Podendo ser entendido como um padrão de uso onde aumenta o risco de conseqüências prejudiciais para o usuário. Na CID-10, o termo “uso nocivo” é utilizado como aquele que resulta em dano físico ou mental. Na DSM-IV, utiliza-se o termo “abuso”, definido de forma mais precisa e considerando também conseqüências sociais de um uso problemático, na ausência de compulsividade e fenômenos como tolerância e abstinência.

3      Os tipos de Drogas


Conforme descrito anteriormente os tipos de drogas estão classificadas de acordo com a ação que exercem sobre o sistema nervoso central, e esta são depressoras, estimulantes ou pertubadoras/alucinógenas. Em seguida descreveremos dentro destas classificações quais drogas são mais comuns ocorrer o abuso.

Drogas Depressoras
Dentro da classificação de Depressores temos o Álcool, Maconha, Tranquilizantes ou Ansiolíticos Soníferos ou Hipnóticos Narcóticos (Ópio, Morfina, Heroína, Codeína. Vamos a seguir descrever um pouco sobre cada droga.

Álcool 

O álcool é feito através de fermentação e destilação. Ao ser ingerido, passa pelo esôfago, estômago e chega ao intestino delgado. É absorvido pelos vasos sanguíneos, vai para o fígado, atinge o coração e o cérebro e assim seu efeito inicia entre 20 a 30min.
As consequências do uso abusivo do álcool são: problemas físicos como desnutrição, diabetes, doenças cardiovasculares, inflamação dos nervos periféricos, cirrose hepática, pancreatite, gastrite e tantas outras complicações médicas. Além disso, os problemas sociais, emocionais e financeiros são incalculáveis.

Maconha

A Maconha é outra droga depressora e é conhecida pelos “comerciantes” como folhas de chuchu secas, orégano, fumo, capim de mato seco e esterco, a maconha é derivada de uma planta com o nome científico de Cannabis Sativa. Os produtores, após a colheita e secagem de suas folhas, adicionam mel, whisky, conhaque, amônia (ou até mesmo urina) para curtir o material, que depois será prensado em forma de tijolos e distribuído nos centros urbanos e num total possui 421 produtos químicos, sendo o Tetrahidrocanabinol (THC) o responsável pelos efeitos psicoativos da maconha. Ao ser fumada, provoca confusão mental, relaxamento, preguiça e desmotivação para a vida. Fisicamente pode provocar bronquites, asma, enfisema pulmonar, esterilidade temporária no homem e alteração no ciclo menstrual da mulher.

Tranquilizantes ou Ansiolíticos

Os tranquilizantes, em sua maioria, são formados pelos benzodiazepínicos (Diazepam Valium e Dienpax; Lorazepam-Lorax). São drogas utilizadas para ajudar nos casos de estresse, ansiedade e desequilíbrios emocionais provocados por excesso de trabalho, tensões familiares ou por alguma experiência traumática (perda de familiares, acidentes etc.). Esses comprimidos são receitados também para dependentes de drogas com o objetivo de diminuir sua ansiedade e nervosismo, bem como amenizar a crise de abstinência causada pela falta da droga. Infelizmente, é muito comum a família não ter controle dessa medicação e o indivíduo fazer uso dela juntamente com outras drogas, especialmente com o álcool. Isso pode provocar convulsões, delírios, parada cardíaca e respiratória, coma e até mesmo a morte. É fundamental que a família não deixe esses remédios ao alcance do dependente e tenha certeza de que ele está se abstendo de outras drogas.

Soníferos ou Hipnóticos

São drogas cujo efeito principal é induzir a hipnose, ou seja, ao sono fisiológico praticamente normal. São divididos em dois grupos:
Não Barbitúricos: o mais conhecido é a Metaqualona (Mandrix e Mequalom). Possui grande capacidade de produzir dependência. Em doses elevadas, produz euforia, desligamento, embriaguez, anestesia e um estado de depressão generalizado.
Barbitúricos: a base do ácido barbitúrico possui dois grupos distintos – os de ação longa (mais ou menos oito horas) e os de ação curta (mais ou menos quatro horas) em dose terapêutica.
Os barbitúricos de ação longa, como o Fenobarbital (Luminal, Gardenal), raramente provocam dependência. São muito usados no tratamento da epilepsia. Os barbitúricos de ação curta, como o Nembutal e o Seconal, podem provocar dependência levando o usuário a overdose, coma e morte.



Narcóticos (Ópio, Morfina, Heroína, Codeína)
Substâncias derivadas da planta papoula. Possuem a característica de inibir os sinais nos neurônios transmissores (NT) responsáveis pela sensação de dor (substância “P”) para que ela não chegue ao cérebro. Os opiáceos ativam a liberação de endorfina (NT responsável pela sensação de prazer). Os opiáceos afetam o coração, a respiração, o sistema reprodutor, a digestão, a evacuação, o pensamento, os centros de tosse (causando náuseas), os olhos, as pregas vocais, os músculos, o sistema imunológico e todas as partes do corpo. O uso contínuo dos opiáceos desequilibra a produção natural de endorfina, gerando o processo de dependência física.

Drogas estimulantes
Dentro da classificação de estimulantes temos o Cocaína, Crack/Merla, Oxi, Paco, Cafeínas, Anfetaminas e Cigarros. Vamos a seguir descrever um pouco sobre cada droga.

Cocaína

A cocaína é derivada da planta Erythroxylum coca. A folha de coca é colhida e submersa em tanque com produtos como querosene, gasolina e ácido sulfúrico. Após alguns dias, essa pasta base é levada ao laboratório, misturada ao ácido clorídrico e gera o chamado cloridrato de cocaína em pó. Os “comerciantes” dessa droga vão “batizá-la” com açúcar refinado, bicarbonato, pó de giz, de mármore, pó de vidro etc. A forma mais comum de uso da cocaína é pela aspiração do pó, mas alguns usuários chegam a injetá-la diretamente na corrente sanguínea. Isso pode levar a uma overdose, tendo como consequência uma parada cardíaca irreversível.

Crack / Merla

O crack é derivada da pasta base da cocaína, acrescida de misturas como: bicarbonato, amônia e até soda cáustica. Esse material é “fritado” até virar uma pedra que, ao ser fumada, vai emitir um barulho parecido com “crack, crack”. O crack, portanto, é o lixo da cocaína transformado na substância fumada pelo usuário.
A merla (mela, mel ou melado) é a cocaína apresentada sob a forma de base ou pasta, um produto ainda sem refino e muito contaminado com as substâncias utilizadas na extração. É preparada de forma diferente do crack, mas também é fumada.
Seus efeitos são mais intenso e mais rápido do que o da cocaína. Isso ocorre porque o órgão que vai absorvê-lo será o pulmão, bem maior do que as mucosas nasais que absorvem a cocaína cheirada. Os riscos associados ao uso e o potencial de dependência são basicamente os mesmos da cocaína em pó, apresentados acima. com os mesmos riscos de convulsões, alucinações, paranoias, pânicos. Como consequência, pode acontecer, além de tudo o que já foi descrito nas drogas similares, surtos psicóticos, enfraquecimento e perda prematura dos dentes, paradas cardíacas e respiratórias e, possivelmente, a morte em pouco tempo.


Oxi / Paco

O Oxi é uma nova droga e é derivada também da pasta base da cocaína. O processo de fabricação se assemelha ao do crack, porém os componentes misturados à pasta base são cal virgem e querosene ou gasolina, que proporcionam efeitos mais intensos e mais rápidos do que o crack. O oxi possui uma cor mais escura do que o crack. Sua fumaça é preta, parecida com a fumaça de pneus de veículos.
Os produtos misturados à pasta base “oxidam” a cocaína ao ser fumado provoca taquicardia intensa, além de em curto prazo “oxidar” as vias respiratórias e outros órgãos vitais à nossa vida.
O Paco é ainda mais recente e é também considerada a mais nova versão das drogas derivadas da pasta base da cocaína e tem o mesmo processo do crack e do oxi. A mistura é composta de cal virgem, querosene e solução de bateria de veículo. O efeito é parecido com o do oxi, porém os danos são rápidos e muitas vezes irreversíveis.
As primeiras apreensões dessa pedra ocorreram no sul do Brasil. Na Argentina, Paraguai e Uruguai, o paco já é um problema grave de saúde pública e de segurança. Por enquanto, não se tem notícia dessa droga no restante do Brasil.


Cafeína

É um estimulante suave. Em pequenas doses, nos deixa mais alerta, dissipa a sonolência e a fadiga. Pode acelerar o ritmo cardíaco e a pressão arterial, além de irritar o estômago.
Em excesso, a cafeína pode provocar nervosismo, confusão mental, irritabilidade, insônia, palpitações no peito, ansiedade, problemas de pressão e doenças coronárias.






Anfetaminas

São os moderadores de apetite. Descobertas no final do século XIX, passaram a ser usadas pela medicina em 1930 nos tratamentos de queda de pressão, depressão etc. A partir dos anos 50, os laboratórios desenvolveram as anfetaminas para emagrecer: os moderadores de apetite.
Ocorreu, então, a grande explosão de comercialização dessa droga em todo o mundo. Nos anos 70, começaram as primeiras restrições de comércio das anfetaminas em razão do grande número de dependentes. Porém, o mercado clandestino se desenvolveu e hoje ela é muito usada, especialmente por caminhoneiros devido à sua característica de eliminar o sono.


Cigarros

É uma planta da família das Solanáceas. Possui o nome científico da Nicotina Tabacum em homenagem a Jean Nicot, embaixador francês em Portugal no ano de 1580. Nicot acreditava que o tabaco tinha poderes medicinais e incentivava seu cultivo e uso. A fumaça do cigarro tem aproximadamente 4.750 substâncias químicas nocivas ao organismo, sendo 400 consideradas tóxicas, ou seja, venenos, e 80 cancerígenas. As principais são:
a) Alcatrão: é a soma das partículas de materiais orgânicos submetidos à combustão. Portanto, somente o cigarro aceso libera o alcatrão. O rapé e o fumo de mascar, ao serem utilizados, não liberam essa substância. O alcatrão é o responsável por vários cânceres e doenças respiratórias provocadas pelo cigarro.
b) Monóxido de Carbono: gás provocado pela combustão da matéria. Ele restringe o funcionamento da hemoglobina, reduzindo a absorção de oxigênio pelo organismo do fumante. Esse fenômeno provoca insuficiência no sistema cardíaco e respiratório.
c) Nicotina: é a droga encontrada na folha de tabaco. Ela atua no SNC como estimulante, provocando uma dependência rápida e intensa. A principal consequência da nicotina é a vasoconstrição (estreitamento das veias), que agravará os problemas cardíacos e circulatórios, como tromboangeítes e gangrenas, com possíveis amputações de membros.
O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade de ocorrência de algumas doenças, como: pneumonia, câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago), infarto de miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar, derrame cerebral e úlcera digestiva. Entre outros efeitos tóxicos provocados pela nicotina, podemos destacar, ainda, náuseas, dores abdominais, diarréia, vômitos, cefaléia, tontura, braquicardia, fraqueza e impotência sexual nos homens.

Drogas Pertubadoras ou Alucinógenas
Dentro da classificação de pertubadores ou alucinógenas temos LSD, Cogumelos e Lírios. Vamos a seguir descrever um pouco sobre cada droga.

LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico)

Extraído do esporão-de-centeio, o ácido lisérgico foi descoberto no final do século passado pelo cientista suíço Albert Hofmann. Ao manuseá-lo, Hofmann ingeriu acidentalmente uma pequena quantidade, que provocou alucinações e um quadro semelhante à esquizofrenia. O cientista procurava algum produto para diminuir o sangramento nas mulheres prestes ou após dar a luz e acabou descobrindo um dos maiores alucinógenos do mundo. O LSD é uma substância solúvel em água, incolor, inodora, sendo facilmente adicionada a bebidas alcoólicas e refrigerantes sem alterar sabor, cor ou cheiro.
Ela também pode se apresentar impregnada em papel absorvente, parecido com selos, com vários tipos de desenhos. Você tem a sensação de que tudo ao redor está sendo distorcido. As formas, cheiros, cores e situações se alteram, criando ilusões e delírios: paredes que escorrem, cores que podem ser ouvidas, mania de grandeza ou perseguição.

Cogumelos

Cogumelos são plantas alucinógenas que foram utilizadas, a princípio, nas cerimônias religiosas dos índios da América Latina. No Brasil, esse uso se estendeu para as cidades, onde especialmente os jovens começaram a mastigar ou fazer “chá” com os cogumelos dos sítios e fazendas próximas à cidade. Diferentemente dos índios primitivos, ao fazer uso dos cogumelos, esses jovens procuram apenas a “viagem alucinante”, que produz um efeito muito mais intenso do que a maconha, porém mais fraco do que o efeito do LSD. O grande risco que os jovens correm, além da alucinação, é a ingestão de cogumelos venenosos, que não possuem nenhuma iferença visual dos cogumelos alucinógenos, podendo causar intoxicação e até mesmo a morte do usuário.
Lírio

Assim como os cogumelos, essa planta nasce naturalmente nos campos. Recentemente os jovens descobriram que ao tomar um “chá” com a sua flor (lírio), teriam sensações alucinógenas semelhantes às dos cogumelos. Não há registros do uso dessa planta pelos índios. Acredita-se que foi uma descoberta de algum jovem curioso. Não se sabe muito sobre as consequências do uso dessa droga. Provavelmente, não devem ser muito diferentes dos outros alucinógenos.

                     

4      Reinserção Social


Segundo o OBID - Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (2007) os assuntos individuais e sociais de maior relevância no contexto do paciente devem ser discutidos abertamente com o objetivo de estimular uma consciência social e humana mais participativa. É nestas discussões que se percebe a energia vital manifestada, quase milagrosamente, naquele paciente que havia feito da condição de excluído, o instrumento privilegiado de suas relações sociais, resgatando a sua auto-estima.

1.1. Premissas do Projeto de Vida
Continuidade do Tratamento: O paciente deve estar convencido de que seu tratamento não termina com a alta hospitalar ou a saída da Comunidade Terapêutica. A continuidade do tratamento (qualquer que seja) é um espaço para a obtenção de suporte ao manejo das situações de risco;

Mudança do Estilo de Vida: A disponibilidade e a motivação do paciente para a mudança do seu estilo de vida que envolve sobretudo reformulação de hábitos e valores adquiridos no período de ingestão das drogas. O ingresso em grupo de mútua ajuda e/ou grupo de apoio no local de trabalho são de grande valia e podem funcionar como fatores de proteção.

Metas Atingíveis: O estabelecimento das metas do projeto deverá ser feito após uma leitura realista e objetiva das questões trazidas à discussão. É prudente iniciar com metas modestas cujo alcance irá fortalecer a auto-estima do paciente e a crença na sua capacidade de construção de uma nova realidade, onde cada passo deve ser valorizado e cada tropeço analisado cuidadosamente;

Estabelecimento e/ou Resgate de Rede Social: O período de abuso das drogas expõe o paciente a rupturas progressivas com a família, os amigos, o trabalho, a escola e a comunidade. É preciso resgatar e/ou estabelecer novas redes de socialização. O profissional e o paciente devem investir conjuntamente na busca e na valorização de elementos que possam compor a rede de apoio para o processo de reinserção. Estes elementos podem ser: pessoas, instituições públicas ou privadas, e outras organizações sociais, que possam oferecer apoio nas situações de risco.

1.2. Desenho do Projeto de Vida
A elaboração do Projeto de Vida implica no estabelecimento de ações contínuas que interligam de forma harmônica os aspectos necessários ao estabelecimento ou resgate da rede social do paciente.
Para um melhor entendimento, demonstramos abaixo, em forma de diagrama esta inter-relação:


Não existe um setor da vida do paciente que é mais ou menos importante. O que ocorre é que em determinado momento algum aspecto pode estar precisando de uma atenção ou ação mais específica, daí a idéia da inter-relação harmônica.

1.2.1. Aspectos Familiares
A família é um lugar privilegiado para que o indivíduo aprenda a se relacionar com o mundo. Este aprendizado, mesmo comprometido pelo uso da droga, se impõe ao paciente como referencial de comportamento e atitude diante da vida.
Em geral, a família do dependente é uma família em crise cuja resolução vai depender da disponibilidade de seus componentes para aceitar um processo de mudança. Tal como o paciente, a família pode aprender novas maneiras de viver, abandonando comportamentos negativos e assumindo comportamentos positivos em relação ao paciente. Em geral, este processo de mudança na família e na sua relação com o paciente exige uma atenção especializada.
 No quadro abaixo, apresentamos diferenças sistemáticas de alguns comportamentos da família em relação ao paciente:


A adoção de uma postura positiva pela família favorece o restabelecimento de uma relação de confiança com o paciente, possibilitando-lhe a retomada dos papéis familiares, fortalecendo a auto-estima e incentivando-o a lançar-se em novos desafios.
A participação conjunta do paciente e familiares em grupos de auto-ajuda ou associações e projetos comunitários deve ser considerada como ferramenta de reinserção no ambiente familiar.
Na ausência de familiares, deve-se buscar uma figura de referência para o paciente, com quem ele possa estabelecer ou retomar um relacionamento afetivo.Esta figura pode estar representada por um colega de trabalho, um chefe, um vizinho ou um amigo.

1.2.2. Aspectos Profissionais 
Culturalmente, o “valor” de uma pessoa ou a sua dignidade estão diretamente ligados à sua capacidade de produção. Desenvolver uma atividade formal ou informal é para o dependente químico, quase tão importante quanto à manutenção da abstinência.

A discriminação quanto à capacidade do paciente estar apto ao trabalho faz com que ele experimente sentimentos ambivalentes de fracasso e de sucesso. Numa situação como a atual, na qual os índices de desemprego são altos, é importante considerar que a dificuldade de inserção no mercado de trabalho não depende apenas da aptidão ou do esforço dos indivíduos.

Se ele exerce atividade formal, deve se valer de todos os recursos disponíveis na empresa. Os serviços de Recursos Humanos e Saúde Ocupacional podem ser contatados pelo profissional, pela família ou pelo próprio paciente.

A revisão de função ou de atividades desenvolvidas pelo paciente poderá ser necessária ou sugerida pela empresa. Neste caso, o paciente deverá ser preparado para entender a nova realidade, onde a percepção sobre os riscos da função é utilizada na ponderação das razões para a determinação da mudança. Esta mudança deve ser vista, pelo paciente, como um passo adiante na manutenção de sua abstinência e na renovação do seu compromisso com a retomada da condição perdida.

Esta alteração na condição do paciente deve considerar que:

►Ele deve ser fortemente estimulado à participação em grupo de apoio na empresa e ao resgate dos amigos, “trocados” pela “turma do bar ou do barato”;
►A indicação de voltar aos estudos ou freqüentar cursos profissionalizantes e de aprimoramento também favorece a sua reinserção e melhora a empregabilidade, especialmente num contexto de desemprego.

Para pacientes desempregados e/ou desprovidos de qualificação profissional, uma acurada avaliação de potencialidades, escolaridade e habilidades, se faz necessária. Aliada às expectativas do paciente a avaliação vai permitir um “retrato” da sua condição e o traçado de metas atingíveis, observando que:

►Trabalhos temporários e informais, assim como a baixa remuneração, não devem ser vistos como fracasso, mas como uma conquista ou uma etapa a ser valorizada;
►A inclusão do paciente em programas sociais de apoio poderá ser a porta de acesso a outros benefícios, como melhoria da escolaridade e da qualificação profissional e o desenvolvimento da auto-estima;
►Programas de voluntariado também são recomendados como forma de socialização e exercício da solidariedade e da cidadania.

1.2.3. Aspectos Econômicos e Financeiros
É implícito que durante os anos de abuso de drogas (lícitas ou ilícitas) haja perdas financeiras. Portanto, seria simplista pensar que a reinserção social do paciente não implique numa recuperação dessas perdas. O primeiro ponto neste aspecto é não lamentar o que foi perdido. É preciso levantar criteriosamente a condição do momento. Listar as dívidas e definir uma programação para saldá-las ou, ao menos, renegociá-las alivia a ansiedade do paciente e o coloca diante da responsabilidade de planejar o futuro. O uso e o destino a serem dados ao dinheiro devem orientar-se por uma escala de prioridades compatíveis com o atendimento de necessidades essenciais e o volume do recurso.

Em todo o processo de recuperação econômico-financeira, a família deverá participar conjunta e ativamente e um aconselhamento especializado de um profissional da área financeira poderá beneficiar e tornar o assunto mais "leve".

1.2.4. Aspectos Comunitários
Em qualquer fase do desenvolvimento do ser humano, o reconhecimento social e a influência dos grupos a que pertence são fundamentais para a manutenção do sentimento de inclusão e de valorização pessoal.

No período de abuso da droga o paciente sofre uma gradativa deterioração pessoal com o empobrecimento dos relacionamentos sociais. Sentimentos de rejeição, autodepreciação, insegurança, dentre outros, o afastam do convívio social. A perda do emprego, da família ou problemas com a polícia e a justiça o colocam num impasse. Com o processo de tratamento, e a abstinência, o paciente se vê diante do desafio de resgatar os relacionamentos destruídos. A participação na comunidade oferece a oportunidade de ele reescrever a própria história, a começar com a reparação de possíveis danos causados a si próprio ou a outrem. A busca de ajuda para prováveis problemas judiciais e a reaproximação de antigos amigos pode impulsioná-lo a retomar o gosto pelo lazer, pelas atividades culturais e associativas desprezadas até então.

1.2.5. Aspectos Espirituais
Independente da formação ou orientação religiosa é importante que o paciente recupere e mantenha a crença na sua própria capacidade de realização. Neste sentido, a “fé” poderá ajudá-lo a enxergar um horizonte de possibilidades onde sonhos se transformam no projeto de uma nova vida.

1.2.6. Aspectos Médicos e Psicológicos
Mesmo estando claro que o processo de reinserção social deve ocorrer simultâneo ao tratamento, é importante reforçar a necessidade dos cuidados com a saúde física e psicológica do paciente. O acompanhamento sistemático, considerando as características individuais do paciente, lhe dará suporte na remoção de barreiras para a recuperação e reinserção social.
























Para maiores consultas acesse:

Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID)

Biblioteca Virtual em Saúde (Ministério da Saúde)


quarta-feira, 28 de maio de 2014



 Vou contar um pouco da minha história.


  Sou negro, tenho 46 anos e nasci em Campinas. Na época eu e meu irmão éramos bem queridos, a família toda gostava da gente. Quando tinha 17 anos eu conheci uma pessoa que me fez muito feliz, me deu cinco lindos filhos, sendo três meninas e dois meninos. Éramos muitos felizes, mais ai conheci a bebida, nossa família começou a ficar distante, eram só brigas e discussões.
  Eu saia pelos bares e gastava todo o dinheiro da despesa da casa. Foi então que ela me pediu um tempo para ver se eu parava com a bebida, mas eu não consegui. Comecei a usar drogas, foi meu fim. Perdi a casa, perdi os móveis e fui morar na rua. Debaixo da ponte comecei a comer tudo que achava pela rua, algumas pessoas tentavam me ajudar a ser melhor, mas eu as prejudicava roubando e enganando. Até minha mãe eu passava para trás, furtava ela também. Um dia ela chegou para mim e perguntou: Filho você quer se tratar? Foi instantâneo, disse: Quero agora. Estou ganhando respeito dessa pessoa.
  Quem estiver lendo isso, não sigam o que fiz em meu passado. Peça para o pai do céu que lhe ajudem e deixe-o cuidar de sua vida.


Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
Qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim

                                                                                                                                                               K.


Resumo da minha vida

  Nasci em uma família de trabalhadores, onde tudo que possuíamos foi através de muito suor do dia a dia, no sul da Bahia.
  Pouco ser na arte de ler e escrever, mais o que sei aprendi com muito custo sozinho. Quando cheguei a maioridade, vim para São Paulo, com o sonho de ter uma boa vida, um bom futuro, consegui.
  Entrei em uma multinacional renomada, realizei meus sonhos, ou seja: casa, carro, terreno, chácaras, dinheiro. Casei e tive filhos, mais infelizmente o sonho de ter uma família não foi um sucesso. Separação e o envolvimento do filho mais velho no mundo do crime me abalaram muito. Bebia socialmente, só que com o fato do meu filho se envolver com a criminalidade e outros fatos, comecei a beber muito, ao ponto de perder quase tudo o que consegui com meu trabalho, devido ao vicio do álcool. Quando achei que não tinha mais solução, encontrei este lugar, o C.T.N.A.
  Hoje me sinto feliz, porque estou começando tudo de novo, estou bem, com a graça de Deus e quero seguir em frente do jeito que estou, cada dia melhor.
  Não aconselho ninguém com problemas querer resolver através da bebida, drogas, você só vai se dar mal.
  Se apegue com Deus, ele é o caminho da salvação.

                                                                                                                                                                             Roxo


Venci a rua


  Durante três anos, mais ou menos, vivi nas ruas, mendigando, dormindo em praças, casas abandonadas, construções, devido ao vicio do álcool.
  Foi então que conheci o pessoal do C.T.N.A, que na época era dirigido pelos amigos, P, F, C. Através do trabalho por eles desenvolvido de doação noturna de sopa e agasalho, fui criando um certo vinculo de amizade com ambos. Continuava na rua, até que eles conseguiram uma casa para abrigar moradores de rua e fizeram um albergue, fui morar. Nesta casa me foi dado o cargo de líder.
  Por cinco anos em meio a muitas dificuldades, o albergue conseguiu sobreviver, só que sem recursos e apoio do poder público municipal, o albergue teve que fechar as portas. Fui obrigado a voltar para a rua, mesma rotina que vivia é acabou, ali com muita fé e garra, e com ajuda precisa de Jesus, eles conseguiram alugar um sitio, um antigo pesqueiro. Lugar onde se realiza uma grande e maravilhosa obra de Deus, em cuidar de pessoas com dependência química, álcool e moradores de rua.
  Ainda esta em fase de começo, não é fácil. Só que já produz frutos, dentre os quais posso me considerar um, pois estou vivendo aqui junto daqueles que um dia me estenderam a mão e continuam me apoiando e me ajudando.
  Hoje posso me considerar uma pessoa feliz, pois já não vivo mais na rua. Vivo longe do vicio e ao lado de Deus.
Hoje tenho uma família

                                                                                                                                                                                                                                                                                                          Vencedor

Minha história com o álcool

 Nasci no Paraná, morei lá ate os seis anos e me mudei para Rondônia. Estive lá até pouco tempo, vou contar um pouco da minha vida.
  Minha família é meu pai, mãe, eu e mais seis irmãos, sendo quatro homens e três mulheres.
  Eu tive oportunidade para estudar, mas não quis. Estudei só até a quinta série. Conheci a bebida muito novo também e o cigarro de onze para doze anos, no momento achei que era um bom negócio. Mas a bebida só me fez infeliz porque tudo que eu conquistava, a bebida destruía tudo. Namorei bastante, perdi todas. Casei duas vezes, também perdi as duas. Graças a Deus, uma coisa boa me sobrou, minha filha. Ela tem nove anos.
  Agora graças a Deus eu pedi ajuda para minha família e todos me ajudaram. Meu irmão mais velho esta me ajudando e estou bem graças a Jesus e uma equipe maravilhosa que esta me ajudando.

  Se você estiver passando pelos mesmos problemas que passei, desista enquanto é sedo. Peça ajuda porque sozinho não vai conseguir, o Senhor nunca nos abandona.

segunda-feira, 26 de maio de 2014


  Meu nome é R., tenho 37 anos. Comecei a trabalhar com 17 anos, sempre fui um filho exemplar. Ajudava em tudo em casa, qualquer coisa que minha família precisava eu estava sempre presente. Casei a primeira vez com 21 anos, fiquei 4 anos juntos com a esposa, ai separamos. Comecei a sair com novas companhias e achava que estava feliz, mas sempre tem algo a mais, foi ai que cai em uma cilada, o álcool e drogas.

  Eu achava que era só para a hora que eu quisesse. Que nada, foi só tristeza e ilusão total. Às vezes ficava sem usar de uma a duas semanas, mas era só ter dinheiro na mão que a cabeça mudava, virava escravo do diabo. Quando realmente me dei conta, já era tarde. Da cocaína passei para o crack, não conseguia mais trabalhar direito por causa das noites sem dormir.

  Não vivia mais, todo dinheiro ia para as drogas e álcool. A minha família sofria muito, mas muito mesmo. Hoje graças a Deus e sua grande misericórdia estou aqui me recuperando e principalmente aprendendo. Ama-lo cada vez mais, sinto sua presença, este mudou minha vida e da minha família.

  Por fim, obrigado por me ouvir e que Deus abençoe a tua vida, em nome do Senhor Jesus.