Águias da Fé
domingo, 6 de julho de 2014
sábado, 31 de maio de 2014
Cartilha sobre drogas
Cartilha sobre drogas
1 Definições
Drogas
são substâncias que produzem mudanças nas sensações, no grau de consciência e
no estado emocional das pessoas. As alterações causadas por essas substâncias
variam de acordo com as características da pessoa que as usa, da droga
escolhida, da quantidade, freqüência, expectativas e circunstâncias em que é
consumida. Essa definição inclui os produtos ilegais, que chamamos de drogas
(cocaína, maconha, ecstasy, heroína), mas também produtos como bebidas
alcoólicas, cigarros e vários remédios.
As
drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando modificações
no estado mental são chamadas drogas psicotrópicas. O termo psicotrópicas é
formado por duas palavras: psico e trópico. Psico está relacionado ao
psiquismo, que envolve as funções do sistema nervoso central (relacionados aos
sentidos comoaudição, visão, olfato, paladar e tato e é dele que partem ordens
destinadas aos músculos e glândulas); e trópico significa em direção a.
Drogas
psicotrópicas, portanto, são aquelas que atuam sobre o cérebro, alterando de
alguma forma o psiquismo. Por essa razão, são também conhecidas como
substâncias psicoativas. As drogas psicotrópias dividem-se em três grupos: depressoras,
estimulantes e perturbadoras.
As
drogas depressoras do sistema nervoso central fazem com que o cérebro
funcione lentamente, reduzindo a atividade motora, a ansiedade, a atenção, a
concentração, a capacidade de memorização e a capacidade intelectual.
As estimulantes
do sistema nervoso central, por outro lado, aceleram a atividade de
determinados sistemas neuronais, trazendo como conseqüências um estado de
alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos.
Por
fim, as drogas perturbadoras do sistema nervoso central produzem uma
série de distorções qualitativas no funcionamento do cérebro, como delírios,
alucinações e alteração na senso-percepção. Por essa razão, são também chamadas
de alucinógenos. Uma terceira denominação para esse tipo de droga é
psicotomiméticos, devido ao fato de serem conhecidas como psicoses as doenças
mentais nas quais esses fenômenos ocorrem de modo espontâneo.
É
importante ressaltar que nem todas as substâncias psicoativas têm a capacidade
de provocar dependência. Muitas são usadas com a finalidade de produzir efeitos
benéficos, como o tratamento de doenças, sendo consideradas, assim,
medicamentos.
2 Padrões de Uso
A
auto-administração de qualquer quantidade de substância psicoativa pode ser
definida em diferentes padrões de uso de acordo com suas possíveis
conseqüências. Atualmente os especialistas utilizam duas formas diferentes de
categorizar e definir esses padrões. São elas:
CID-10 (10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS) e o DSM-IV (4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana).
CID-10 (10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS) e o DSM-IV (4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana).
Esses
padrões acima, bem definidos por Bertolote (1997), são aceitos pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e muito difundidos no linguajar de quem lida com o
assunto, apesar de não possuírem correspondência nos padrões classificadores de
transtornos e doenças.
Este
tipo de padronização não se constitui a partir de um transtorno ou doença, e
está baseada na forma de uso e na relação que o indivíduo estabelece com a
substância e suas conseqüências negativas.
Uso Experimental
Os
primeiros poucos episódios de uso de uma droga específica – algumas vezes
incluindo tabaco ou álcool -, extremamente infreqüentes ou não persistentes.
Uso Recreativo
Uso
de uma droga, em geral ilícita, em circunstâncias sociais ou relaxantes, sem
implicações com dependência e outros problemas relacionados, embora haja os que
discordem, opinando que, no caso de droga ilícita, não seja possível este
padrão devido às implicações legais relacionadas.
Uso Controlado
Refere-se
à manutenção de um uso regular, não compulsivo e que não interfere com o
funcionamento habitual do indivíduo. Termo também controverso, pois se
questiona se determinadas substâncias permitem tal padrão.
Uso Social
Pode
ser entendido, de forma literal, como uso em companhia de outras pessoas e de
maneira socialmente aceitável, mas também é usado de forma imprecisa querendo
indicar os padrões acima definidos.
Uso
nocivo/abuso e Dependência
Esses
padrões de uso estão representados nos sistemas classificatórios CID-10 (10ª
Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS) e o DSM-IV (4ª edição
do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação
Psiquiátrica Americana). Este tipo de padronização está rel
Podendo
ser entendido como um padrão de uso onde aumenta o risco de conseqüências
prejudiciais para o usuário. Na CID-10, o termo “uso nocivo” é utilizado como
aquele que resulta em dano físico ou mental. Na DSM-IV, utiliza-se o termo
“abuso”, definido de forma mais precisa e considerando também conseqüências
sociais de um uso problemático, na ausência de compulsividade e fenômenos como
tolerância e abstinência.
3 Os tipos de Drogas
Conforme
descrito anteriormente os tipos de drogas estão classificadas de acordo com a
ação que exercem sobre o sistema nervoso central, e esta são depressoras,
estimulantes ou pertubadoras/alucinógenas. Em seguida descreveremos dentro
destas classificações quais drogas são mais comuns ocorrer o abuso.
Drogas Depressoras
Dentro
da classificação de Depressores temos o Álcool, Maconha,
Tranquilizantes ou Ansiolíticos Soníferos ou Hipnóticos Narcóticos (Ópio,
Morfina, Heroína, Codeína. Vamos a seguir descrever um pouco sobre cada
droga.
Álcool
O álcool é feito através de
fermentação e destilação. Ao ser ingerido, passa pelo esôfago, estômago e chega
ao intestino delgado. É absorvido pelos vasos sanguíneos, vai para o fígado,
atinge o coração e o cérebro e assim seu efeito inicia entre 20 a 30min.
As consequências do uso abusivo do álcool são: problemas físicos como
desnutrição, diabetes, doenças cardiovasculares, inflamação dos nervos
periféricos, cirrose hepática, pancreatite, gastrite e tantas outras
complicações médicas. Além disso, os problemas sociais, emocionais e
financeiros são incalculáveis.
Maconha
A Maconha é outra droga
depressora e é conhecida pelos “comerciantes” como folhas de chuchu secas,
orégano, fumo, capim de mato seco e esterco, a maconha é derivada de uma planta
com o nome científico de Cannabis Sativa. Os produtores, após a colheita
e secagem de suas folhas, adicionam mel, whisky, conhaque, amônia (ou
até mesmo urina) para curtir o material, que depois será prensado em forma de
tijolos e distribuído nos centros urbanos e num total possui 421 produtos
químicos, sendo o Tetrahidrocanabinol (THC) o responsável pelos efeitos
psicoativos da maconha. Ao ser fumada, provoca confusão mental, relaxamento,
preguiça e desmotivação para a vida. Fisicamente pode provocar bronquites, asma,
enfisema pulmonar, esterilidade temporária no homem e alteração no ciclo
menstrual da mulher.
Tranquilizantes ou Ansiolíticos
Os tranquilizantes, em sua
maioria, são formados pelos benzodiazepínicos (Diazepam Valium e Dienpax; Lorazepam-Lorax).
São drogas utilizadas para ajudar nos casos de estresse, ansiedade e
desequilíbrios emocionais provocados por excesso de trabalho, tensões
familiares ou por alguma experiência traumática (perda de familiares, acidentes
etc.). Esses comprimidos são receitados também para dependentes de drogas com o
objetivo de diminuir sua ansiedade e nervosismo, bem como amenizar a crise de abstinência
causada pela falta da droga. Infelizmente, é muito comum a família não ter
controle dessa medicação e o indivíduo fazer uso dela juntamente com outras
drogas, especialmente com o álcool. Isso pode provocar convulsões, delírios,
parada cardíaca e respiratória, coma e até mesmo a morte. É fundamental que a
família não deixe esses remédios ao alcance do dependente e tenha certeza de
que ele está se abstendo de outras drogas.
Soníferos ou Hipnóticos
São drogas cujo efeito principal é
induzir a hipnose, ou seja, ao sono fisiológico praticamente normal. São
divididos em dois grupos:
Não Barbitúricos: o mais conhecido
é a Metaqualona (Mandrix e Mequalom). Possui grande capacidade de produzir dependência.
Em doses elevadas, produz euforia, desligamento, embriaguez, anestesia e um
estado de depressão generalizado.
Barbitúricos: a base do ácido
barbitúrico possui dois grupos distintos – os de ação longa (mais ou menos oito
horas) e os de ação curta (mais ou menos quatro horas) em dose terapêutica.
Os barbitúricos de ação longa, como o Fenobarbital (Luminal,
Gardenal), raramente provocam dependência. São muito usados no tratamento da epilepsia.
Os barbitúricos de ação curta, como o Nembutal e o Seconal, podem
provocar dependência levando o usuário a overdose, coma e morte.
Narcóticos (Ópio, Morfina, Heroína, Codeína)
Substâncias derivadas da planta
papoula. Possuem a característica de inibir os sinais nos neurônios
transmissores (NT) responsáveis pela sensação de dor (substância “P”) para que
ela não chegue ao cérebro. Os opiáceos ativam a liberação de endorfina (NT
responsável pela sensação de prazer). Os opiáceos afetam o coração, a respiração,
o sistema reprodutor, a digestão, a evacuação, o pensamento, os centros de
tosse (causando náuseas), os olhos, as pregas vocais, os músculos, o sistema
imunológico e todas as partes do corpo. O uso contínuo dos opiáceos desequilibra
a produção natural de endorfina, gerando o processo de dependência física.
Drogas estimulantes
Dentro
da classificação de estimulantes temos o Cocaína, Crack/Merla,
Oxi, Paco, Cafeínas, Anfetaminas e Cigarros. Vamos a seguir descrever um pouco
sobre cada droga.
Cocaína
A cocaína é
derivada da planta Erythroxylum coca. A folha de coca é colhida e
submersa em tanque com produtos como querosene, gasolina e ácido sulfúrico.
Após alguns dias, essa pasta base é levada ao laboratório, misturada ao ácido
clorídrico e gera o chamado cloridrato de cocaína em pó. Os “comerciantes”
dessa droga vão “batizá-la” com açúcar refinado, bicarbonato, pó de giz, de
mármore, pó de vidro etc. A forma mais comum de uso da cocaína é pela aspiração
do pó, mas alguns usuários chegam a injetá-la diretamente na corrente
sanguínea. Isso pode levar a uma overdose, tendo como consequência uma parada
cardíaca irreversível.
Crack / Merla
O crack é derivada da pasta base da cocaína, acrescida
de misturas como: bicarbonato, amônia e até soda cáustica. Esse material é
“fritado” até virar uma pedra que, ao ser fumada, vai emitir um barulho
parecido com “crack, crack”. O crack, portanto, é o lixo da cocaína
transformado na substância fumada pelo usuário.
A merla (mela, mel ou melado) é a cocaína
apresentada sob a forma de base ou pasta, um produto ainda sem refino e muito
contaminado com as substâncias utilizadas na extração. É preparada de forma
diferente do crack, mas também é fumada.
Seus
efeitos são mais intenso e mais rápido do que o da cocaína. Isso ocorre porque
o órgão que vai absorvê-lo será o pulmão, bem maior do que as mucosas nasais que
absorvem a cocaína cheirada. Os riscos associados ao uso e o
potencial de dependência são basicamente os mesmos da cocaína em pó,
apresentados acima. com os mesmos riscos de convulsões, alucinações, paranoias,
pânicos. Como consequência, pode acontecer, além de tudo o que já foi descrito
nas drogas similares, surtos psicóticos, enfraquecimento e perda prematura dos
dentes, paradas cardíacas e respiratórias e, possivelmente, a morte em pouco
tempo.
Oxi / Paco
O Oxi é uma nova droga e é derivada
também da pasta base da cocaína. O processo de fabricação se assemelha ao do
crack, porém os componentes misturados à pasta base são cal virgem e querosene
ou gasolina, que proporcionam efeitos mais intensos e mais rápidos do que o crack.
O oxi possui uma cor mais escura do que o crack. Sua fumaça é preta, parecida
com a fumaça de pneus de veículos.
Os
produtos misturados à pasta base “oxidam” a cocaína ao ser fumado provoca
taquicardia intensa, além de em curto prazo “oxidar” as vias respiratórias e outros
órgãos vitais à nossa vida.
O Paco é ainda mais recente e é
também considerada a mais nova versão das drogas derivadas da pasta base da
cocaína e tem o mesmo processo do crack e do oxi. A mistura é composta
de cal virgem, querosene e solução de bateria de veículo. O efeito é parecido
com o do oxi, porém os danos são rápidos e muitas vezes irreversíveis.
As primeiras apreensões dessa pedra
ocorreram no sul do Brasil. Na Argentina, Paraguai e Uruguai, o paco já é um
problema grave de saúde pública e de segurança. Por enquanto, não se tem
notícia dessa droga no restante do Brasil.
Cafeína
É um estimulante suave. Em pequenas doses, nos
deixa mais alerta, dissipa a sonolência e a fadiga. Pode acelerar o ritmo
cardíaco e a pressão arterial, além de irritar o estômago.
Em excesso,
a cafeína pode provocar nervosismo, confusão mental, irritabilidade, insônia, palpitações
no peito, ansiedade, problemas de pressão e doenças coronárias.
Anfetaminas
São os moderadores de apetite. Descobertas no
final do século XIX, passaram a ser usadas pela medicina em 1930 nos
tratamentos de queda de pressão, depressão etc. A partir dos anos 50, os
laboratórios desenvolveram as anfetaminas para emagrecer: os moderadores de
apetite.
Ocorreu,
então, a grande explosão de comercialização dessa droga em todo o mundo. Nos
anos 70, começaram as primeiras restrições de comércio das anfetaminas em razão
do grande número de dependentes. Porém, o mercado clandestino se desenvolveu e
hoje ela é muito usada, especialmente por caminhoneiros devido à sua
característica de eliminar o sono.
Cigarros
É uma planta da família das Solanáceas. Possui
o nome científico da Nicotina Tabacum em homenagem a Jean Nicot, embaixador
francês em Portugal no ano de 1580. Nicot acreditava que o tabaco tinha poderes
medicinais e incentivava seu cultivo e uso. A fumaça do cigarro tem aproximadamente
4.750 substâncias químicas nocivas ao organismo, sendo 400 consideradas tóxicas,
ou seja, venenos, e 80 cancerígenas. As principais são:
a)
Alcatrão: é a soma das partículas de materiais orgânicos submetidos à
combustão. Portanto, somente o cigarro aceso libera o alcatrão. O rapé e o fumo
de mascar, ao serem utilizados, não liberam essa substância. O alcatrão é o
responsável por vários cânceres e doenças respiratórias provocadas pelo
cigarro.
b)
Monóxido de Carbono: gás provocado pela combustão da matéria. Ele restringe o
funcionamento da hemoglobina, reduzindo a absorção de oxigênio pelo organismo
do fumante. Esse fenômeno provoca insuficiência no sistema cardíaco e
respiratório.
c)
Nicotina: é a droga encontrada na folha de tabaco. Ela atua no SNC como
estimulante, provocando uma dependência rápida e intensa. A principal consequência
da nicotina é a vasoconstrição (estreitamento das veias), que agravará os problemas
cardíacos e circulatórios, como tromboangeítes e gangrenas, com possíveis amputações
de membros.
O
uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade de ocorrência de
algumas doenças, como: pneumonia, câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago,
boca, estômago), infarto de miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar,
derrame cerebral e úlcera digestiva. Entre outros efeitos tóxicos provocados
pela nicotina, podemos destacar, ainda, náuseas, dores abdominais, diarréia,
vômitos, cefaléia, tontura, braquicardia, fraqueza e impotência sexual nos
homens.
Drogas Pertubadoras
ou Alucinógenas
Dentro
da classificação de pertubadores ou alucinógenas temos LSD, Cogumelos e Lírios.
Vamos a seguir descrever um pouco sobre cada droga.
LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico)
Extraído do esporão-de-centeio, o ácido
lisérgico foi descoberto no final do século passado pelo cientista suíço Albert
Hofmann. Ao manuseá-lo, Hofmann ingeriu acidentalmente uma pequena quantidade, que
provocou alucinações e um quadro semelhante à esquizofrenia. O cientista
procurava algum produto para diminuir o sangramento nas mulheres prestes ou
após dar a luz e acabou descobrindo um dos maiores alucinógenos do mundo. O LSD
é uma substância solúvel em água, incolor, inodora, sendo facilmente adicionada
a bebidas alcoólicas e refrigerantes sem alterar sabor, cor ou cheiro.
Ela
também pode se apresentar impregnada em papel absorvente, parecido com selos,
com vários tipos de desenhos. Você tem a sensação de que tudo ao redor está
sendo distorcido. As formas, cheiros, cores e situações se alteram, criando
ilusões e delírios: paredes que escorrem, cores que podem ser ouvidas, mania de
grandeza ou perseguição.
Cogumelos
Cogumelos são plantas alucinógenas que
foram utilizadas, a princípio, nas cerimônias religiosas dos índios da América
Latina. No Brasil, esse uso se estendeu para as cidades, onde especialmente os
jovens começaram a mastigar ou fazer “chá” com os cogumelos dos sítios e
fazendas próximas à cidade. Diferentemente dos índios primitivos, ao fazer uso
dos cogumelos, esses jovens procuram apenas a “viagem alucinante”, que produz
um efeito muito mais intenso do que a maconha, porém mais fraco do que o efeito
do LSD. O grande risco que os jovens correm, além da alucinação, é a ingestão
de cogumelos venenosos, que não possuem nenhuma iferença visual dos cogumelos alucinógenos,
podendo causar intoxicação e até mesmo a morte do usuário.
Lírio
Assim como os cogumelos, essa planta nasce
naturalmente nos campos. Recentemente os jovens descobriram que ao tomar um
“chá” com a sua flor (lírio), teriam sensações alucinógenas semelhantes às dos
cogumelos. Não há registros do uso dessa planta pelos índios. Acredita-se que
foi uma descoberta de algum jovem curioso. Não se sabe muito sobre as
consequências do uso dessa droga. Provavelmente, não devem ser muito diferentes
dos outros alucinógenos.
4 Reinserção Social
Segundo
o OBID - Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (2007) os assuntos
individuais e sociais de maior relevância no contexto do paciente devem ser
discutidos abertamente com o objetivo de estimular uma consciência social e
humana mais participativa. É nestas discussões que se percebe a energia vital
manifestada, quase milagrosamente, naquele paciente que havia feito da condição
de excluído, o instrumento privilegiado de suas relações sociais, resgatando a
sua auto-estima.
1.1. Premissas do Projeto de Vida
►Continuidade
do Tratamento: O paciente deve estar convencido de que seu tratamento não
termina com a alta hospitalar ou a saída da Comunidade Terapêutica. A
continuidade do tratamento (qualquer que seja) é um espaço para a obtenção de
suporte ao manejo das situações de risco;
►Mudança
do Estilo de Vida: A disponibilidade e a motivação do paciente para a
mudança do seu estilo de vida que envolve sobretudo reformulação de hábitos e
valores adquiridos no período de ingestão das drogas. O ingresso em grupo de
mútua ajuda e/ou grupo de apoio no local de trabalho são de grande valia e
podem funcionar como fatores de proteção.
►Metas
Atingíveis: O estabelecimento das metas do projeto deverá ser feito após
uma leitura realista e objetiva das questões trazidas à discussão. É prudente
iniciar com metas modestas cujo alcance irá fortalecer a auto-estima do
paciente e a crença na sua capacidade de construção de uma nova realidade, onde
cada passo deve ser valorizado e cada tropeço analisado cuidadosamente;
►Estabelecimento
e/ou Resgate de Rede Social: O período de abuso das drogas expõe o paciente
a rupturas progressivas com a família, os amigos, o trabalho, a escola e a
comunidade. É preciso resgatar e/ou estabelecer novas redes de socialização. O
profissional e o paciente devem investir conjuntamente na busca e na
valorização de elementos que possam compor a rede de apoio para o processo de
reinserção. Estes elementos podem ser: pessoas, instituições públicas ou
privadas, e outras organizações sociais, que possam oferecer apoio nas
situações de risco.
1.2. Desenho do Projeto de Vida
A
elaboração do Projeto de Vida implica no estabelecimento de ações contínuas que
interligam de forma harmônica os aspectos necessários ao estabelecimento ou
resgate da rede social do paciente.
Para
um melhor entendimento, demonstramos abaixo, em forma de diagrama esta
inter-relação:
Não
existe um setor da vida do paciente que é mais ou menos importante. O que
ocorre é que em determinado momento algum aspecto pode estar precisando de uma
atenção ou ação mais específica, daí a idéia da inter-relação harmônica.
1.2.1. Aspectos Familiares
A
família é um lugar privilegiado para que o indivíduo aprenda a se relacionar
com o mundo. Este aprendizado, mesmo comprometido pelo uso da droga, se impõe
ao paciente como referencial de comportamento e atitude diante da vida.
Em
geral, a família do dependente é uma família em crise cuja resolução vai
depender da disponibilidade de seus componentes para aceitar um processo de
mudança. Tal como o paciente, a família pode aprender novas maneiras de viver,
abandonando comportamentos negativos e assumindo comportamentos positivos em
relação ao paciente. Em geral, este processo de mudança na família e na sua
relação com o paciente exige uma atenção especializada.
No quadro abaixo, apresentamos diferenças
sistemáticas de alguns comportamentos da família em relação ao paciente:
A adoção
de uma postura positiva pela família favorece o restabelecimento de uma relação
de confiança com o paciente, possibilitando-lhe a retomada dos papéis
familiares, fortalecendo a auto-estima e incentivando-o a lançar-se em novos
desafios.
A
participação conjunta do paciente e familiares em grupos de auto-ajuda ou
associações e projetos comunitários deve ser considerada como ferramenta de
reinserção no ambiente familiar.
Na
ausência de familiares, deve-se buscar uma figura de referência para o paciente,
com quem ele possa estabelecer ou retomar um relacionamento afetivo.Esta figura
pode estar representada por um colega de trabalho, um chefe, um vizinho ou um
amigo.
1.2.2. Aspectos Profissionais
Culturalmente,
o “valor” de uma pessoa ou a sua dignidade estão diretamente ligados à sua
capacidade de produção. Desenvolver uma atividade formal ou informal é para o
dependente químico, quase tão importante quanto à manutenção da abstinência.
A
discriminação quanto à capacidade do paciente estar apto ao trabalho faz com
que ele experimente sentimentos ambivalentes de fracasso e de sucesso. Numa
situação como a atual, na qual os índices de desemprego são altos, é importante
considerar que a dificuldade de inserção no mercado de trabalho não depende
apenas da aptidão ou do esforço dos indivíduos.
Se
ele exerce atividade formal, deve se valer de todos os recursos disponíveis na
empresa. Os serviços de Recursos Humanos e Saúde Ocupacional podem ser
contatados pelo profissional, pela família ou pelo próprio paciente.
A
revisão de função ou de atividades desenvolvidas pelo paciente poderá ser
necessária ou sugerida pela empresa. Neste caso, o paciente deverá ser
preparado para entender a nova realidade, onde a percepção sobre os riscos da
função é utilizada na ponderação das razões para a determinação da mudança.
Esta mudança deve ser vista, pelo paciente, como um passo adiante na manutenção
de sua abstinência e na renovação do seu compromisso com a retomada da condição
perdida.
Esta
alteração na condição do paciente deve considerar que:
►Ele
deve ser fortemente estimulado à participação em grupo de apoio na empresa e ao
resgate dos amigos, “trocados” pela “turma do bar ou do barato”;
►A
indicação de voltar aos estudos ou freqüentar cursos profissionalizantes e de
aprimoramento também favorece a sua reinserção e melhora a empregabilidade,
especialmente num contexto de desemprego.
Para
pacientes desempregados e/ou desprovidos de qualificação profissional, uma
acurada avaliação de potencialidades, escolaridade e habilidades, se faz
necessária. Aliada às expectativas do paciente a avaliação vai permitir um
“retrato” da sua condição e o traçado de metas atingíveis, observando que:
►Trabalhos
temporários e informais, assim como a baixa remuneração, não devem ser vistos
como fracasso, mas como uma conquista ou uma etapa a ser valorizada;
►A
inclusão do paciente em programas sociais de apoio poderá ser a porta de acesso
a outros benefícios, como melhoria da escolaridade e da qualificação
profissional e o desenvolvimento da auto-estima;
►Programas
de voluntariado também são recomendados como forma de socialização e exercício
da solidariedade e da cidadania.
1.2.3. Aspectos Econômicos e Financeiros
É
implícito que durante os anos de abuso de drogas (lícitas ou ilícitas) haja
perdas financeiras. Portanto, seria simplista pensar que a reinserção social do
paciente não implique numa recuperação dessas perdas. O primeiro ponto neste
aspecto é não lamentar o que foi perdido. É preciso levantar criteriosamente a
condição do momento. Listar as dívidas e definir uma programação para saldá-las
ou, ao menos, renegociá-las alivia a ansiedade do paciente e o coloca diante da
responsabilidade de planejar o futuro. O uso e o destino a serem dados ao
dinheiro devem orientar-se por uma escala de prioridades compatíveis com o
atendimento de necessidades essenciais e o volume do recurso.
Em
todo o processo de recuperação econômico-financeira, a família deverá
participar conjunta e ativamente e um aconselhamento especializado de um
profissional da área financeira poderá beneficiar e tornar o assunto mais
"leve".
1.2.4. Aspectos Comunitários
Em
qualquer fase do desenvolvimento do ser humano, o reconhecimento social e a
influência dos grupos a que pertence são fundamentais para a manutenção do
sentimento de inclusão e de valorização pessoal.
No
período de abuso da droga o paciente sofre uma gradativa deterioração pessoal
com o empobrecimento dos relacionamentos sociais. Sentimentos de rejeição,
autodepreciação, insegurança, dentre outros, o afastam do convívio social. A
perda do emprego, da família ou problemas com a polícia e a justiça o colocam
num impasse. Com o processo de tratamento, e a abstinência, o paciente se vê
diante do desafio de resgatar os relacionamentos destruídos. A participação na
comunidade oferece a oportunidade de ele reescrever a própria história, a
começar com a reparação de possíveis danos causados a si próprio ou a outrem. A
busca de ajuda para prováveis problemas judiciais e a reaproximação de antigos
amigos pode impulsioná-lo a retomar o gosto pelo lazer, pelas atividades
culturais e associativas desprezadas até então.
1.2.5. Aspectos Espirituais
Independente
da formação ou orientação religiosa é importante que o paciente recupere e
mantenha a crença na sua própria capacidade de realização. Neste sentido, a
“fé” poderá ajudá-lo a enxergar um horizonte de possibilidades onde sonhos se
transformam no projeto de uma nova vida.
1.2.6. Aspectos Médicos e Psicológicos
Mesmo
estando claro que o processo de reinserção social deve ocorrer simultâneo ao
tratamento, é importante reforçar a necessidade dos cuidados com a saúde física
e psicológica do paciente. O acompanhamento sistemático, considerando as
características individuais do paciente, lhe dará suporte na remoção de
barreiras para a recuperação e reinserção social.
Para maiores
consultas acesse:
Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID)
Biblioteca Virtual em Saúde (Ministério da Saúde)
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Vou contar um pouco da minha história.
Sou negro, tenho 46 anos e nasci em Campinas. Na época eu e meu irmão
éramos bem queridos, a família toda gostava da gente. Quando tinha 17 anos eu
conheci uma pessoa que me fez muito feliz, me deu cinco lindos filhos, sendo
três meninas e dois meninos. Éramos muitos felizes, mais ai conheci a bebida,
nossa família começou a ficar distante, eram só brigas e discussões.
Eu saia pelos bares e gastava todo o dinheiro da despesa da casa. Foi
então que ela me pediu um tempo para ver se eu parava com a bebida, mas eu não
consegui. Comecei a usar drogas, foi meu fim. Perdi a casa, perdi os móveis e
fui morar na rua. Debaixo da ponte comecei a comer tudo que achava pela rua,
algumas pessoas tentavam me ajudar a ser melhor, mas eu as prejudicava roubando
e enganando. Até minha mãe eu passava para trás, furtava ela também. Um dia ela
chegou para mim e perguntou: Filho você quer se tratar? Foi instantâneo, disse:
Quero agora. Estou ganhando respeito dessa pessoa.
Quem estiver lendo isso, não sigam o que fiz em meu passado. Peça para o
pai do céu que lhe ajudem e deixe-o cuidar de sua vida.
Embora ninguém possa
voltar atrás e fazer um novo começo,
Qualquer um pode
começar agora e fazer um novo fim
K.
Resumo da minha vida
Nasci em uma família de trabalhadores, onde tudo que possuíamos foi
através de muito suor do dia a dia, no sul da Bahia.
Pouco ser na arte de ler e escrever, mais o que sei aprendi com muito
custo sozinho. Quando cheguei a maioridade, vim para São Paulo, com o sonho de
ter uma boa vida, um bom futuro, consegui.
Entrei em uma multinacional renomada, realizei meus sonhos, ou seja:
casa, carro, terreno, chácaras, dinheiro. Casei e tive filhos, mais
infelizmente o sonho de ter uma família não foi um sucesso. Separação e o
envolvimento do filho mais velho no mundo do crime me abalaram muito. Bebia
socialmente, só que com o fato do meu filho se envolver com a criminalidade e
outros fatos, comecei a beber muito, ao ponto de perder quase tudo o que
consegui com meu trabalho, devido ao vicio do álcool. Quando achei que não
tinha mais solução, encontrei este lugar, o C.T.N.A.
Hoje me sinto feliz, porque estou começando tudo de novo, estou bem, com
a graça de Deus e quero seguir em frente do jeito que estou, cada dia melhor.
Não aconselho ninguém com problemas querer resolver através da bebida,
drogas, você só vai se dar mal.
Se apegue com Deus, ele é o caminho da salvação.
Roxo
Venci a rua
Durante três anos, mais ou menos, vivi nas ruas, mendigando, dormindo em
praças, casas abandonadas, construções, devido ao vicio do álcool.
Foi então que conheci o pessoal do C.T.N.A, que na época era dirigido
pelos amigos, P, F, C. Através do trabalho por eles desenvolvido de doação
noturna de sopa e agasalho, fui criando um certo vinculo de amizade com ambos.
Continuava na rua, até que eles conseguiram uma casa para abrigar moradores de
rua e fizeram um albergue, fui morar. Nesta casa me foi dado o cargo de líder.
Por cinco anos em meio a muitas dificuldades, o albergue conseguiu
sobreviver, só que sem recursos e apoio do poder público municipal, o albergue
teve que fechar as portas. Fui obrigado a voltar para a rua, mesma rotina que
vivia é acabou, ali com muita fé e garra, e com ajuda precisa de Jesus, eles
conseguiram alugar um sitio, um antigo pesqueiro. Lugar onde se
realiza uma grande e maravilhosa obra de Deus, em cuidar de pessoas com
dependência química, álcool e moradores de rua.
Ainda esta em fase de começo, não é fácil. Só que já produz frutos,
dentre os quais posso me considerar um, pois estou vivendo aqui junto daqueles
que um dia me estenderam a mão e continuam me apoiando e me ajudando.
Hoje posso me considerar uma pessoa feliz, pois já não vivo mais na rua.
Vivo longe do vicio e ao lado de Deus.
Hoje tenho uma família
Vencedor
Minha história com o álcool
Nasci no Paraná,
morei lá ate os seis anos e me mudei para Rondônia. Estive lá até pouco tempo,
vou contar um pouco da minha vida.
Minha família é meu
pai, mãe, eu e mais seis irmãos, sendo quatro homens e três mulheres.
Eu tive oportunidade
para estudar, mas não quis. Estudei só até a quinta série. Conheci a bebida
muito novo também e o cigarro de onze para doze anos, no momento achei que era
um bom negócio. Mas a bebida só me fez infeliz porque tudo que eu conquistava,
a bebida destruía tudo. Namorei bastante, perdi todas. Casei duas vezes, também
perdi as duas. Graças a Deus, uma coisa boa me sobrou, minha filha. Ela tem
nove anos.
Agora graças a Deus
eu pedi ajuda para minha família e todos me ajudaram. Meu irmão mais velho esta
me ajudando e estou bem graças a Jesus e uma equipe maravilhosa que esta me
ajudando.
Se você estiver
passando pelos mesmos problemas que passei, desista enquanto é sedo. Peça ajuda
porque sozinho não vai conseguir, o Senhor nunca nos abandona.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Meu nome é R., tenho 37 anos. Comecei a trabalhar com 17 anos,
sempre fui um filho exemplar. Ajudava em tudo em casa, qualquer coisa que minha
família precisava eu estava sempre presente. Casei a primeira vez com 21 anos,
fiquei 4 anos juntos com a esposa, ai separamos. Comecei a sair com novas
companhias e achava que estava feliz, mas sempre tem algo a mais, foi ai que
cai em uma cilada, o álcool e drogas.
Eu achava que era só para a hora que eu quisesse. Que nada, foi só
tristeza e ilusão total. Às vezes ficava sem usar de uma a duas semanas, mas
era só ter dinheiro na mão que a cabeça mudava, virava escravo do diabo. Quando
realmente me dei conta, já era tarde. Da cocaína passei para o crack, não
conseguia mais trabalhar direito por causa das noites sem dormir.
Não vivia mais, todo dinheiro ia para as drogas e álcool. A minha
família sofria muito, mas muito mesmo. Hoje graças a Deus e sua grande
misericórdia estou aqui me recuperando e principalmente aprendendo. Ama-lo cada
vez mais, sinto sua presença, este mudou minha vida e da minha família.
Por fim, obrigado por me ouvir e que Deus abençoe a tua vida, em nome do
Senhor Jesus.
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